Importância Científica: ALTA
Navio de propulsão mixta vela e vapor, o navio Maraldi era registrado no porto de Liverpool, e fazia parte da frota da ‘Liverpool, Brazil & River Plate Steam Navigation Company’, operando sob contrato com o Governo Imperial durante o período de liberalização da cabotagem brasileira no séc XIX. Era um navio novo quando naufragou, tendo sido construído em 1873 no estaleiro Whitehaven Shipbuilding Co. em Whitehaven, noroeste da Inglaterra. Foi construído em ferro (cavername e casco) como navio de propulsão mista vela e vapor. Em 1874 estava armado em escuna (dois mastros) e ainda hoje se pode ver parte das bigotas e fuzis do estaiamento do mastro da mezena à boreste. Possuía um motor a vapor de 95 HP do tipo Compound Vertical Inverted Direct Action, com dois cilindros, o de alta pressão com diametro de 26in e o de baixa com 50in e curso do pistão de 30in. O motor foi construído na oficina de J. Jones & Sons de Liverpool. Há ainda uma caldeira restante no sítio, mas não está claro como o motor era montado no casco. Possuía um eixo e um hélice. Era navio de dois convéses, com 67m de comprimento, 8,6m de bôca e 6.5m de pontal. Tonelagem líquida de 638ton, bruta 1002ton e deslocamento 974ton.[1] Ainda hoje é possível ver grande quantidade do madeirame que forrava o convés. O estudo e reconstrução arqueológica do navio Maraldi poderia nos ajudar a responder informações importantes sobre o período de transição das embarcações à vela e vapor, assim como a modernização da marinha mercante no Brasil durante o período de liberalização da cabotagem brasileira (1866-1891).
Potencial de Visitação: ALTO
O sítio hoje possui várias estruturas preservadas e identificáveis, incluíndo uma parte significativa da popa, do cavername, da divisão dos convéses, cabeços de amarração, elementos da mastreação e uma caldeira do maquinário a vapor que constituem um conjunto interessante e suficientemente coerente para possibilitar a construção de trilhas interpretativas subaquáticas. Além disso, a proximidade de outros dois naufrágios, o Germania e Bretagne, a pequena profundidade no local (4 – 12m) e a riqueza da fauna marinha torna o local ideal para praticantes do mergulho recreacional com cilindro ou simplesmente mergulho livre (nadadeira, máscara e snorkel). O local é apropriado para mergulhadores em nível básico já credenciados ou em treinamento, e mergulhadores avançados na especialidade naufrágio, assim como para cursos de treinamento em arqueologia náutica e subaquática.
Vulnerabilidade: MÉDIA
Em função da baixa profundidade, o sítio encontra-se exposto a ação de ondas e correntes que podem desmembrar partes significativas do naufrágio, aumentando a deterioração. Devido a falta de locais de fundeio, âncoras são jogadas próximo ao sítio, potencialmente afetando a paisagem natural e cultural no local. Mergulhadores tentam atravessar a caldeira o que, além de constituir um risco para a segurança, tem também contribuído para a deterioração das delicadas estruturas internas do artefato, como os tubos de evaporação. Além disso, a caldeira é abrigo para peixes e invertebrados que contribuem para a beleza cênica e importância ecológica do sítio. Seria necessário a definicão de pontos fixos para o fundeio de embarcações, além de ações educativas junto as operadoras de mergulho e visitantes que os oriente quanto a estes aspectos.
[1] Lloyd’s Register of British and Foreign Ships. Wyman and Sons: London, 1874.