Importância Científica: ALTA

Nau portuguesa armada com 50 canhões, trazia da China carga de porcelana, seda, pimenta e marfim, entre outras. O registro histórico indica ter sido o naufrágio por incêncido acidental, causado por marinheiro do quarto da vigia que estaria embriagado. Em junho de 1973 foi encontrado por mergulhadores locais e escavado intensivamente nos anos seguintes com autorização da Marinha do Brasil, além de outras intervenções ilegais, tendo sido retiradas centenas de peças de porcelana chinesa de valor histórico e arqueológico incalculável, vendidas para o mercado negro de obras de arte[1]. Além disso, o navio trazia enorme carga de búzios tipo ‘zimbo’, utilizado à época no comércio de escravos na costa oeste da África. Todo o material foi retirado sem documentação adequada, restando apenas uma publicação parcial do conjunto de porcelanas resgatadas[2]. Um croqui produzido por caçadores de tesouro no início da década de 1980, sete anos depois do início das escavações, portanto, indica haver à época uma porção significativa do madeirame do fundo da embarcação, incluindo a quilha e 4 canhões. Inspeções realizadas pela equipe em 2011 foram suficientes para constatar que o sítio encontra-se muito perturbado, tendo restado apenas alguns poucos framentos de porcelana espalhados por toda a área, pedras do lastro e concreções ferruginosas indistintas. A área do sítio na praia da Boa Viagem, entretanto, encontra-se em processo de acreção sedimentar, o que pode significar que parte do material, possivelmente algum madeiramente, ainda tenha sobrevivido soterrado nas partes mais profundas do sítio. Dado que o sítio nunca foi corretamente estudado e publicado, a possibilidade de existência de madeirame remanescente no local torna o sítio significativo, sendo o único material arqueológico existente hoje para estudo daquela embarcação.

Potencial de Visitação: BAIXO

Apear da proximidade da praia, pouca profundidade e fácil acesso, anos de exploração descontrolada praticamente obliteraram o sítio, restando aparentemente apenas fragmentos descontextualizados.

Vulnerabilidade: ????

Dado que a extensão do material preservado sob o sedimento não é conhecida, faz-se necessário novo levantamento sistemático para definir o critério de vulnerabilidade.

[1] ANDRADE, W. D. Mergulho e aventuras – um resgate da da história. Salvador, 2011.

[2] BRANCANTE, E. F. O Brasil e a cerâmica antiga. Cia Lit. Ypiranga: São Paulo, 1981.